Casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. Este é o provérbio que melhor se aplica a Portugal no momento presente, face à crise que há muito se instalou entre nós, mas que só agora alguns se aperceberam, por que tem vindo a ser encoberta pelos governantes.
No caso concreto das SCUT'S, em especial a IC1 (agora indevidamente denominada A28) o povo tem razão.
Sou a favor do princípio universal - utilizador-pagador - desde que aplicado com critérios válidos e estabelecidos após auscultação das populações. É assim a democracia.
Quando se construiu o 1.º lanço do IC1, no tempo em que era ministro das Obras Públicas o Eng.º Oliveira Martins, (talvez por nas deslocações que fazia à sua terra natal - Esposende - se ter apercebido das dificuldades para atravessar Vila do Conde e Póvoa de Varzim) pretendia-se com esta estrada retirar dos centros das cidades por onde a E.N.13 passa (Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende) o trânsito que degrada o ambiente, a qualidade de vida das populações, o património edificado, Etc., permitindo ainda aproximar as populações Alto Minhotas dos centros urbanos mais importantes do Porto e de Lisboa.
A E.N.13 já nessa altura se mostrava desajustada ao enorme movimento rodoviário que diariamente por ela transitava, quer pela antiguidade do seu traçado (meados do Séc. XIX) quer ainda pela estreiteza das obras de arte existentes no seu curso (Ponte sobre o Ave em V. do Conde, Ponte de Fão).
A propósito da ponte de Fão, lembro-me de um episódio que aí vivi antes do 1.º troço ser construído, quando um dia ia apanhar o comboio às Devesas em V. N. de Gaia para Lisboa (porque os comboios que partiam de Viana em direcção ao Porto demoravam cerca de duas horas e meia a chegar a esta cidade e não garantiam a ligação ao Alfa) para tomar parte numa reunião de serviço.
Seguia na direcção Viana-Porto e antes de chegar a Esposende comecei a notar o trânsito a abrandar o que me fez logo pensar o pior, chegar atrasado e perder o comboio. De facto assim aconteceu. A passo de caracol lá fui andando até à fábrica de cabos eléctricos Quintas, aí fiquei a saber que na ponte de Fão se encontravam dois camiões pesados, um que ia do Norte outro que vinha do Sul com os motoristas a travar-se de razões e a medirem a passo a ponte para ver qual devia recuar para o outro passar. Era caricato este cenário, mas autêntico e nada consentâneo com o Portugal em desenvolvimento que se pretendia pôr em marcha nessa altura, após recente entrada na Europa. Escusado será dizer que perdi o combóio e tive de tomar o seguinte chegando atrasado à reunião em Lisboa, porque o atraso da ponte de Fão foi de 02 horas e 15 minutos. Como se tratava de uma reunião de pessoal afecto ao mar, a justificação que apresentei foi motivo de galhofa por parte dos intervenientes que disseram:
Se fosse ingénuo e acreditasse nos governantes do meu país, proporia à comissão de utentes que, como forma de luta, para mostrar aos governantes que a medida que pretendem implementar é no mínimo infeliz, para não empregar outro termo mais jocoso, utilizassem um cenário idêntico ao que descrevi, chamassem a comunicação social para mostrar ao país a realidade da E.N.13 e as dificuldades de passagem nesta via. Mas como os governantes são pessoas inteligentes, não consentiriam que isto acontecesse ou, se viesse a acontecer, logo de imediato encontrariam solução fácil, que era colocar semáforos (desculpem a minha ignorância, por que há muito já lá não passo, por isso não sei se já existem) para o trânsito circular alternadamente e então o atraso e congestionamento seria ainda maior.
Não vou aqui invocar as razões que assistem aos utentes do IC1(impropriamente chamado A28), o que o governo pretendeu com esta medida aleatória e injusta, apoiado pela oposição eleitoralista, foi dinheiro fácil obtido duma população com fraco poder reivindicativo e pouco poder eleitoral, penalizando as aspirações justas dessa região tão desprezada e marginalizada como a história o comprova. O índice per capita do poder de compra desta região é um dos mais baixos do país e o seu povo foi o escolhido dentro de todo o país para suportar os encargos dum bem que à partida já está pago ou devia estar com os fundos comunitários que foram mobilizados para o IC1, retirando-lhe esse bem que lhe foi garantido sem alternativa ou contrapartida satisfatória ao seu desenvolvimento e melhoria das condições de vida.
Já ouvi alguns habitantes dos grandes centros urbanos virem em defesa do governo dizerem que também pagam portagens nas zonas onde vivem, mas esquecem-se que o rendimento per capita é muito superior, que têm meios de transporte e vias alternativas e que as auto estradas que utilizam foram por eles reclamadas, por isso têm de ser pagas por quem as utiliza.
Não sou um utilizador frequente do IC1 e poderia perfeitamente manter-me solidário com o princípio do utilizador-pagador, mas não posso deixar de apoiar o movimento dos utentes do IC1 porque foram enganados, quando, em função da gratuitidade desta via, construíram as suas vidas, as suas empresas e negócios. Quem perde não são só os utentes, é uma região, que devia ser mais protegida em vez de descriminada, e perde o país também pelo impacto sócio-económico que vai gerar.
Não é desta forma que se combatem as assimetrias que infelizmente existem no nosso pequeno país, entre o interior e o litoral, entre o Norte e o Sul, ao contrário, cava-se um fosso ainda maior, contribuindo para a desertificação dessas zonas e o êxodo para os grandes centros urbanos com os inconvenientes que todos conhecemos e que não vale a pena enumerar.
Assisti, neste sábado, a mais uma manifestação organizada pelos autarcas dos concelhos envolvidos, desde Vila do Conde até V. N. de Cerveira e apercebi-me pelos discursos de alguns, uma certa discrepância relativamente a questões menores, introduzidas pela chamada "discriminação positiva".
Os autarcas e o movimento não se podem deixar cair na estratégia de "dividir para reinar" que parece o governo está a querer introduzir com a chamada "descriminação positiva". É uma rasteira baixa mas que já tem sido utilizada noutros sectores com o mesmo objectivo - dividir - para conseguir chegar ao fim em vista.
Ouvi um autarca referir a falta de coerência e injustiça nos troços Viana -Porto e Póvoa-Porto e nas facilidades e alternativas. Não se deixem instrumentalizar e dividir por "rebuçados" mais ou menos doces, ou por conflitos entre cidades, estejam unidos num espírito único - NÃO ÀS PORTAGENS NO IC1. Se deixarem contaminar-se pelas benesses ou falta delas, estão a cair no estratagema, típico dos governantes, que é dar a uns para pôr uns contra os outros.
Oxalá a minha percepção esteja errada, a bem do povo do Norte e do país em geral.
Já ouvi alguns habitantes dos grandes centros urbanos virem em defesa do governo dizerem que também pagam portagens nas zonas onde vivem, mas esquecem-se que o rendimento per capita é muito superior, que têm meios de transporte e vias alternativas e que as auto estradas que utilizam foram por eles reclamadas, por isso têm de ser pagas por quem as utiliza.
Não sou um utilizador frequente do IC1 e poderia perfeitamente manter-me solidário com o princípio do utilizador-pagador, mas não posso deixar de apoiar o movimento dos utentes do IC1 porque foram enganados, quando, em função da gratuitidade desta via, construíram as suas vidas, as suas empresas e negócios. Quem perde não são só os utentes, é uma região, que devia ser mais protegida em vez de descriminada, e perde o país também pelo impacto sócio-económico que vai gerar.
Não é desta forma que se combatem as assimetrias que infelizmente existem no nosso pequeno país, entre o interior e o litoral, entre o Norte e o Sul, ao contrário, cava-se um fosso ainda maior, contribuindo para a desertificação dessas zonas e o êxodo para os grandes centros urbanos com os inconvenientes que todos conhecemos e que não vale a pena enumerar.
Assisti, neste sábado, a mais uma manifestação organizada pelos autarcas dos concelhos envolvidos, desde Vila do Conde até V. N. de Cerveira e apercebi-me pelos discursos de alguns, uma certa discrepância relativamente a questões menores, introduzidas pela chamada "discriminação positiva".
Os autarcas e o movimento não se podem deixar cair na estratégia de "dividir para reinar" que parece o governo está a querer introduzir com a chamada "descriminação positiva". É uma rasteira baixa mas que já tem sido utilizada noutros sectores com o mesmo objectivo - dividir - para conseguir chegar ao fim em vista.
Ouvi um autarca referir a falta de coerência e injustiça nos troços Viana -Porto e Póvoa-Porto e nas facilidades e alternativas. Não se deixem instrumentalizar e dividir por "rebuçados" mais ou menos doces, ou por conflitos entre cidades, estejam unidos num espírito único - NÃO ÀS PORTAGENS NO IC1. Se deixarem contaminar-se pelas benesses ou falta delas, estão a cair no estratagema, típico dos governantes, que é dar a uns para pôr uns contra os outros.
Oxalá a minha percepção esteja errada, a bem do povo do Norte e do país em geral.
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