Num lindo dia de Inverno a cheirar a Primavera, propício a uma caminhada à beira Lima, deparei com pouco mais de meia dúzia de barcos a largar as redes "lampreeiras" entre a Praça da Liberdade e a Marina.
Não resisti a tirar umas fotos para o meu álbum "Trechos de Viana", por que este cenário é digno de registar nas memórias da cidade.
À conversa com os pescadores, num momento de pausa para dar espaço aos colegas, soube que o mês de Janeiro não deixou saudades. As águas estão frias e a lampreia não sobe, dizia o jovem pescador que anda com o pai no barco de "água arriba", característico do rio Lima.
A pesca à lampreia é feita por turnos, dois de dia e um de noite. Os que vivem da pesca no rio ou no mar têm de descontar para a lota sobre 5.000 euros, enquanto outros que só tiram licença para o período da lampreia pagam apenas imposto sobre 400 euros. É uma injustiça senhor, não acha?
À ordem do pai o rapaz lá foi para novo lanço, largar duas casseias de redes. Outrora largavam quantas quisessem e faziam mais pescaria, disse com ar de quem não estava de acordo com as novas regras.
Talvez devido a esse abuso de outrora, a pesca agora se esteja a ressentir, pensava eu com os meus botões, enquanto contemplava o largar das redes de tresmalho que o barco ia estendendo perpendicular ao curso do rio.
Um tempo de espera para dar ensejo à rede de apanhar alguma "vadia" e vai de alar a rede por que o turno está a terminar e é hora de ir comer uma "buxa" e beber um "tintol". Pelo alar do saco parece que o turno não foi mau.
É assim a pesca da lampreia, por vezes incerta, outras mais compensadora, como toda a pesca, mas sempre ingrata e trabalhosa para quem dela vive. Quem gosta e aprecia o paladar deste raro ciclóstomo, não olha a dinheiro para comer um saboroso "arroz de Lampreia" ou uma lampreia "à bordalesa", regada com um bom vinho tinto ou para os apreciadores do vinho verde, um bom "vinhão".
Bom apetite.
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