domingo, 21 de agosto de 2011

DESERTIFICAÇÃO DOS CENTROS HISTÓRICOS

Existem várias causas que estão na origem da desertificação de um grande número de cidades e vilas com centros históricos em Portugal. O envelhecimento dos edifícios, a sua reparação e manutenção dispendiosa, as dificuldades de acesso com restrições aos modernos meios de transporte e, quanto a mim o mais importante, o envelhecimento das populações com dificuldades de locumoção e a pouca atractividade na manutenção dos jovens nesses edifícios, são algumas das causas que se apontam para o êxodo para bairros periféricos, onde encontram melhores condições de habitabilidade.
Viana do Castelo é uma das cidades onde este fenómeno se acentua de dia para dia e onde as poucas pessoas que ainda teimam em viver, são importunadas por outro fenómeno preocupante e que vai acabar com o que resta dos poucos  moradores e não só.
Este fenómeno dá pelo nome de,  proliferação de bares noturnos, em locais onde ainda habitam pessoas e onde existem residenciais, importunam toda a noite o sossego merecido dos residentes e visitantes.
Viana do Castelo é uma cidade que vive o mês de Agosto intensamente, graças aos emigrantes, que anualmente regressam às suas aldeias para matar saudades, da família, da terra, dos costumes, das tradições. As ruas animam-se com tanta gente, o comércio vive um momento de ajuda, sente-se que a cidade transborda de alegria e animação.
Passadas as festas da Senhora d’Agonia a cidade morre, fica triste, por que não tem vida própria, não tem pessoas a viver que se movimentem e deem vida a outras actividades. O  comércio está igualmente em agonia, veem-se lojas e lojas fechadas, nas principais ruas da cidade.
Se alguém pensa que através da proliferação de bares noturnos resolve o problema da agonia do centro histórico, engane-se. Pelo contrário, esta «moda» vai acabar por afastar os poucos sobreviventes e algum comércio que ainda persiste em lutar, especialmente a hotelaria, sem condições para oferecer aos utentes que gostam em pernoitar nos centros das cidades, pela proximidade dos pontos de interesse, mas que no dia seguinte quer estar bem disposta para visitar Viana.
Ainda hoje o Jornal de Notícias se referia ao lixo constituído por garrafas de vidro, copos de plástico, guardanapos e toda a sorte de lixo deixado nas ruas da Ribeira do Porto durante a madrugada, pelos utentes dos bares noturnos que por lá abundam. É uma calamidade que invade os centros históricos das cidades portuguesas contribuindo para a degradação dos edifícios, do ambiente e da salubridade das populações que por lá teimam em viver.
Os bares noturnos são a última machadada no pouco de vida que ainda resta no centro histórico de Viana. Será esta animação que se pretende para Viana? 
Viana do Castelo, 2011-08-21
maolmar@gmail.com

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